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13.12.08

Os Sateré-Mawé-os filhos do Guaraná.


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 Foto de autor desconhecido.

Nós somos como um Pássaro no Mundo.
(palavras de um  Mawé)


Sateré-Mawé (Maués) é o nome da etnia também conhecida por Maooz, Mabué, Mangués, Manguês, Jaquezes, Maguases, Mahués, Magnués, Mauris, Maraguá, Mahué, Magueses ... 

Os Sateré-Mawé habitam a região do médio rio Amazonas (Brasil), na divisa dos estados do Amazonas com o Pará. A TI Andirá-Marau foi demarcada em 1982 e homologada em 1986 com 788.528 hectares, nos municípios de Maués, Barreirinha, Parintins, Itaituba e Aveiro (AM e PA).
Segundo estimativa da FUNASA de 2008, existem 9.156 Sateré-Mawé. É importante salientar que, a partir da década de 1970, intensifica-se notavelmente o fluxo migratório em direção a Manaus. Em 1981, o antropólogo Jorge Osvaldo Romano contou 88 Sateré-Mawé vivendo na periferia dessa cidade. No final da década de 1990, esse número cresceu significativamente, chegando a algo próximo de 500 Sateré-Mawé, distribuídos entre diferentes conjuntos habitacionais na zona Oeste de Manaus. O modo de sustento dessa população urbana está baseado, na maioria dos casos, na venda de artesanato para turistas.
Historicamente resistiram à colonização impedindo seu povo de seguir os ritos religiosos dos brancos.
Inventores da cultura do Guaraná, os Sateré-Mawé transformaram a Paullinia Cupana, uma trepadeira silvestre da família das Sapindáceas, em arbusto cultivado, introduzindo seu plantio e beneficiamento. O guaraná é uma planta nativa da região das terras altas da bacia hidrográfica do rio Maués-Açu, que coincide precisamente com o território tradicional Sateré-Mawé.

Os Sateré-Mawé se vêem como inventores da cultura dessa planta, auto-imagem justificada no plano ideológico por meio do mito da origem, segundo o qual seriam os Filhos do Guaraná.

O Guaraná é o produto por excelência da economia Sateré-Mawé, sendo, dos seus produtos comerciais, o que obtém maior preço no mercado. É possível ainda pensar que a vocação para o comércio demonstrada pelos Sateré-Mawé se explique pela importância do guaraná na sua organização social e econômica.
Possuem rica cultura material, sendo os teçumes sua maior expressão. Eles designam por teçume o artesanato confeccionado pelos homens com talos e folhas de caranã, arumã e outros, com os quais fazem peneiras, cestos, tipitis, abanos, bolsas, chapéus, paredes, coberturas de casas etc.
Grande ênfase é dada ao Porantim na cosmologia Sateré-Mawé. O Porantim é uma peça de madeira com aproximadamente 1,50m de altura, com desenhos geométricos gravados em baixo relevo, recobertos com tinta branca, a tabatinga. Sua forma lembra a de uma clava de guerra ou a de um remo trabalhado. O Porantim possui um leque de atributos: é o legislador social e os Sateré-Mawé freqüentemente se referem a ele como sendo sua Constituição ou sua Bíblia. Possui poderes de entidade mágica, uma espécie de bola de cristal que prevê acontecimentos, podendo andar sozinho para apartar desavenças e conflitos internos. É também o suporte onde estão gravados, de um lado, o mito da origem ou a história do guaraná, e de outro, o mito da guerra. Posiciona-se, portanto, para a sociedade que o talhou, como instituição máxima, aglutinando as esferas política, jurídica, mágico-religiosa e mística.
A língua Sateré-Mawé integra o tronco lingüístico Tupi. Segundo o etnógrafo Curt Nimuendaju (1948), ela difere do Guarani-Tupinambá. Os pronomes concordam perfeitamente com a língua Curuaya-Munduruku, e a gramática, ao que tudo indica, é tupi. O vocabulário mawé contém elementos completamente estranhos ao Tupi, mas não pode ser relacionado a nenhuma outra família lingüística. Desde o século XVIII, seu repertório incorporou numerosas palavras da língua geral. Os homens atualmente são bilíngües, falando o Sateré-Mawé e o português, mas a maioria das mulheres, apesar de três séculos de contato com os brancos, só fala a língua Sateré-Mawé como forma de resistência.


Quer mais informação? 
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  • ALVAREZ, Gabriel O. Os Satere-Mawé. In: ALVAREZ, Gabriel O.; REYNARD, Nicolas (Org.). Amazônia cidadã : previdência social entre as populações tradicionais da região Norte do Brasil. Brasília : MPAS, 2000. p. 78-95. (Coleção previdência Social, Série Especial, 1)
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  • Guaraná, olho de gente. Dir.: Aurélio Michiles. Vídeo Cor, 40 min., 1982. Prod.: Cinevídeo Céuvagem.
  • O sangue da terra. Dir.: Aurélio Michiles. Vídeo Cor, 35 min., 1983. Prod.: Cinevídeo

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