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O sexo feminino possui o conhecimento dos Kene, grafismos que reproduzem os animais, os homens e a natureza nas pinturas corporais e nas tramas do algodão aonde tecem com teares manuais.
Segundo a cosmogonia, os Kene foram ensinados, em um tempo de antigamente, por Yube, um encantado da Mulher-Sucuri.
Os desenhos geométricos Kene representam metonimicamente os desenhos da pele da figura mítica masculina da Sucuri-Yube que traz a cultura, a sabedoria e o conhecimento. Para alguns estudiosos, trata-se também da história de origem da bebida alucinógena - cipó ou Ayahuasca tomada ritualisticamente pelos Kaxinawá. Segundo o mito fundador, Yube era o homem que, ao se apaixonar por uma mulher-sucuri, se transforma em cobra e passa a viver com ela no mundo profundo das águas; nesse mundo Yube descobre a bebida alucinógena e os poderes curativos e de acesso ao conhecimento que a bebida propícia. Um dia, sem avisar a esposa-sucuri, Yube decide voltar à terra dos humanos e volta a se transformar em homem, retornando para a sua família humana.
O Kene Kuin, desenho verdadeiro, é uma marca importante da identidade Kaxinawá. Para os eles, o desenho é um elemento crucial na beleza da pessoa e das coisas.
O corpo e o rosto são pintados com o suco da fruta Jenipapo que produz uma tinta-por ocasião de festas, quando há visitas ou quando querem se adornar no cotidiano. Crianças pequenas não recebem os grafismos, mas são enegrecidas dos pés à cabeça com Jenipapo. Meninos e meninas têm só uma parte do rosto coberto com desenho e os adultos têm o rosto todo pintado.
A pintura com Jenipapo também é uma atividade exclusivamente feminina. Em dias sem festa muitos andam sem desenho, mas quando um dos homens da casa traz jenipapo da mata, sempre há alguém que se anima a preparar tinta e chamar os outros para pintá-los. As pessoas que mais andam pintadas são as mulheres jovens; os homens menos, a não ser que sejam hóspedes.
Os grafismos contém uma variedade de motivos que têm nomes. Quando um motivo tem dois ou mais nomes, isto geralmente se deve à ambigüidade, típica do estilo Kaxinawá, entre fundo e figura. Os mesmos motivos, ou desenhos básicos, usados na pintura facial, são encontrados na pintura corporal, na cerâmica, na tecelagem e na cestaria.
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Falam a língua Hãtxa Luin ("língua verdadeira"), uma variedade do tronco Pano e se encontram geralmente na fronteira entre o Brasil e o Peru e ao longo dos rios Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus.
É a população indígena mais numerosa do Acre com cerca de 4 mil habitantes divididos em 12 terras.
Fonte:
Socioambiental
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