Jejuvy é ritual de morte.
Um suicídio a cada dez dias.
2008 foi o ano que 40 Kaiowá-Guarani desistiram de viver.
Ao longo dos últimos vinte anos, mais de 517 Guarani-Kaiowá cometeram suicídio; em sua maioria jovens.O vocábulo Jejuvy em Guarani tem grande simbologia porque significa sufocamento, estar sem voz, impossibilidade de falar, palavra sufocada, alma escrava. É através do ritual do jejuvy que os Kaiowá praticam o suicídio, por enforcamento ou ingestão de veneno. Apesar de ser reconhecido como prática ritual ancestral, nos últimos anos o jejuvy se alastra pelas aldeias em escala epidêmica, cerca de 50 suicídios por ano envolvendo jovens de 9 a 14 anos de idade.
Segundo dados do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) o número de suicídios começou a aumentar nos anos 80, dobrou na década de 90 e na virada do século XXI bateu o recorde de mortes.
Os suicídios (jejuvy) são efetuados basicamente por enforcamento ou na ingestão de de agrotóxicos (mais recentemente) utilizados nas lavouras dos "agropecuaristas" que roubaram as terras dos Guarani-Kaiowá, sem que exista o derramamento de sangue ou cortes físicos, para que não se perca a palavra.
Os Guarani consideram o suicídio uma doença produzida pela prisão da palavra (alma) é pela boca que a palavra se liberta. Se não há lugar para a palavra, não há vida. Desse modo na hora de morrer não deve ser utilizado o corte contra si mesmo, pois a palavra se dispersaria. Sufocando-a ela permaneceria como um aglomerado de energia (alma) e poderia voltar a vingar em algum outro momento (reencarnação).
Segundo a oralidade dos próprios Kaiowa sobre os indígenas que cometeram suicídio: existe um grande sentido político de coletividade, "um estar entre os outros" produzindo signos potentes: os enforcamentos e os envenenamentos. A busca do resgate de uma “forma de ser”, como os Kaiowas costumam falar. E se para eles a linguagem é uma das mais importantes formas de fazer o ser se manifestar, ao impedi-la, impede-se também os sujeitos de existirem. O suicídio epidêmico seria a resposta coletiva à imposibilidade de expressar a singularidade desse povo.
Os Guarani consideram o suicídio uma doença produzida pela prisão da palavra (alma) é pela boca que a palavra se liberta. Se não há lugar para a palavra, não há vida. Desse modo na hora de morrer não deve ser utilizado o corte contra si mesmo, pois a palavra se dispersaria. Sufocando-a ela permaneceria como um aglomerado de energia (alma) e poderia voltar a vingar em algum outro momento (reencarnação).
Segundo a oralidade dos próprios Kaiowa sobre os indígenas que cometeram suicídio: existe um grande sentido político de coletividade, "um estar entre os outros" produzindo signos potentes: os enforcamentos e os envenenamentos. A busca do resgate de uma “forma de ser”, como os Kaiowas costumam falar. E se para eles a linguagem é uma das mais importantes formas de fazer o ser se manifestar, ao impedi-la, impede-se também os sujeitos de existirem. O suicídio epidêmico seria a resposta coletiva à imposibilidade de expressar a singularidade desse povo.
Jejuvy é ritual de morte, mas também de libertação da palavra e da "inexistência"- invisibilidade.
Jejuvy é a plenitude da palavra resistência.
Família linguística: Tupi-Guarani
Onde estão: Mato Grosso do Sul (Brasil) e Paraguai
Quantos são: 20.000 (senso de 2003)
Fonte: Socioambiental
* A desnutrição mata muitas crianças e o número dos assassinatos cometidos contra os Kaiowá Guarani é o mais alto entre as populações indígenas no Brasil. Dos 60 assassinatos de indígenas ocorridos no Brasil inteiro em 2008, 42 vítimas (70% do total) eram do povo Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, de acordo com dados Conselho Indígenista Missionário (Cimi). “Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos”, afirma Anastácio Peralta, liderança do povo Guarani-Kaiowá da região.
Foto Survival