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7.12.09

Kokopelli




Kokopelli é uma divindade da fertilidade e germinação.

Sua forma única  é representada desde tempos muito antigos, em numerosos petróglifos e pictogramas em rochas, cavernas e cerâmicas  das duas Américas. A corcunda de suas costas  seria um saco de sementes que ele semeia em todos os lugares porque são levadas pelo vento até chegar em lugares em que existe fome e destruição mas entre os Hopi, Kokopelli carrega fetos em suas costas e os distribui para as mulheres (por esta razão, as mulheres fogem dele). Ele frequentemente toma parte em rituais relativos ao casamento, às vezes é representado com um cônjuge, uma mulher chamada Kokopelli-mana pelos Hohokam e Hopi.
Para outros povos, é geralmente descrito como um deus-jogador corcunda que toca a sua flauta  (muitas vezes com um falo enorme e antenas cósmicas) para ajudar no parto de todas as fêmeas da natureza e também na agricultura.
Kokopelli também preside a reprodução de animais de caça e, por essa razão, ele é frequentemente descrito como companheiro dos animais, como carneiros, coelhos e veados. Outras criaturas associadas, são os  lagartos e insetos. Devido a isso, alguns estudiosos acreditam que a flauta Kokopelli é realmente uma zarabatana (ou começou como uma), mas esta é uma opinião minoritária.
Para outros povos como os Zuni, Kokopelli está associado com as chuvas. Ele frequentemente aparece com Paiyatamu, outro flautista, em rituais da transformação do milho em farinha. Outros grupos dizem que ele carrega as sementes e os bebês nas costas simultaneamente.


Uma passagem muito interessante foi vivida por  John Kimney, etnobotânico, que era hóspede de David Monongye, um ancião xamã muito respeitado pelos Hopi:
Era o mês julho, há muitos anos atrás, e eu era um convidado da nação Hopi. Fazia três semanas que não havia chovido e as terras sufocavam sob o calor tórrido.  Era o meio do dia e meu anfitrião estava dormindo tranquilamente no frescor de sua casa de pedra.  Eu não podia permanecer no lugar aonde ele dormia. Eu fechei docemente a porta mosquiteiro atrás de mim e entrei no calor da Kisnovi, a praça da aldeia.
Eu procurava, com o olhar,  revelar algum movimento qualquer, mas tudo estava tão calmo quanto à meia noite. Somente um cão se mexeu para nada perder da pouca sombra do meio dia.  Todo o resto do vilarejo parecia respeitar o ritual da sesta profunda que Tawa, o Pai-Sol, lhes impunha cotidianamente.  Só os cães loucos e os Ingleses ao sol de meio-dia” murmurei  em  tom sonhador.  Eu nem sabia aonde ia descendo a borda da “mesa”, num caminho que tinha sido, há muito tempo, como roído nas rochas macias, em dias mais frescos.
Quando eu cheguei embaixo da falésia, eu vi um lagarto que fugia rapidamente num caminho poeirento. Eu o segui, como se essa criatura me guiasse. Depois de uma grande caminhada de mais ou menos 15 minutos, o caminho bifurcou de repente em direção ao norte, em volta de um monte de entulhos.  Antes que eu pudesse ver do outro lado das rochas, eu ouvi bem baixinho, uma voz que cantava. Eu diminuí meu passo e arrisquei um olhar.  Havia na minha frente uma extensão de milho, a mais vasta que já me havia sido permitido contemplar nessa região. Ela era tão grande que não parecia poder ser Hopi. Eu ainda não via ninguém, mas o canto se tornou mais claro.
Eu adivinhei que era a voz doce e poderosa de um ancião.  Mas onde estava ele? Eu esperei ainda alguns minutos, ouvindo esse campo de milho que cantava. E então, de repente, dos tufos verdes de milho, emergiu uma cabeça branca que, entre as fileiras, se movia lentamente sem parar de cantar.  De repente eu tomei consciência do que meus olhos viam.  Esse campo de milho, no meio do verão, era magnífico e luxuriante. Havia mais ou menos, uma dúzia de espigas que amadureciam em cada tufo e uma avaliação rápida me indicou que havia, sem dúvida, 1200 tufos de plantio de milho.
O solo estava seco e pergaminhado após a longa seca e, entretanto, o milho não mostrava muitos sinais de secura, ao contrário da maior parte dos outros campos que eu já tinha podido observar ao redor do vilarejo.  As reclamações que eu tinha ouvido da parte dos fazendeiros que viviam perto da casa onde eu morava tinham me feito pensar que todo o milho murchava de sede.  Entretanto, esse campo parecia acabar de ter sido bento pela chuva!
Eu voltava traquilamente ao longo do caminho que levava ao povo, sem ter sido visto pelo velho. Meu anfitrião estava acordado e me perguntou onde eu tinha ido.  Quando eu o expliquei o que havia visto e ouvido, o interesse que ele testemunhava pelo objeto de minhas errâncias se transformou em sorriso divertido.
“Eu vejo que você encontrou o campo de Titus” disse ele dando um pequeno riso abafado. “Mas por que esse campo é tão resplandecente? Ele possui uma fonte de água secreta?”
 O Avô riu muito.  “Claro que não. Mas ele possui Navoti”. “O que é isso?” perguntei pensando que talvez existisse um fertilizante secreto acessível somente acessível à poucos.
“Ele possui a Via Hopi” me explicou o ancião, após uma pausa reflexiva.  Ele conhece os velhos cantos que refrescam as ‘crianças do milho’. Ele recita suas orações corretamente durante a semeadura. E o que é mais importante de tudo, ele sabe que não se deve se preocupar, pois a angústia, tanto quanto a seca, prejudica as plantas. Mais do que angustiar, o que tornaria suas crianças nervosas, ele vai até elas no calor do dia e canta antigos cantos que são, para suas crianças, fonte de coragem.
Mas Avô, os outros homens com certeza percebem a diferença de seu milho. Por que eles não aprendem suas canções e por que não as cantam aos seus milhos?”
Meu velho mestre Hopi suspirou. “Isso não serviria de nada. Navoti não vive mais na semente dos outros”.
No final desse mês importante eu passei pela “mesa”, e fui embora de carro em direção do norte, bordejando o vale de Rio Grande, para encontrar Taos, a cidade onde eu morava.  Durante minha passagem através de cada um dos dezenove povos, eu senti como se alguma coisa me chamasse.  Eu percebi, talvez pela primeira vez, o quão pouco as antigas culturas eram praticadas.
Eu senti como se fossem as sementes que me chamassem. Eu tomei consciência que a fonte do poder que eu sentia estava presa nos alpendres, nas caixas de café e nos baldes recolocados em cantos escuros, ela estava também nos velhos tapetes de milho trançado.
As sementes que me chamavam eram as velhas sementes, colhidas antes da vinda dos supermercados, antes da vinda dos pequenos sachês de alumínio que se abrem nas prateleiras das boutiques no início de cada primavera.
Eram as sementes das quais o ancião tinha me falado, as que possuíam ainda o Navoti das eras passadas.  Depois de alguns cinquenta anos, sua vitalidade estava intacta. O clima seco dos altos planaltos tinha favorecido a conservação de um antigo poder que viva na época em que os homens cantavam para suas plantas.  Agora era para mim que as sementes enviavam seus cantos, na esperança de serem ouvidas antes de se perderem para sempre no esquecimento.

Este relato foi extraído da obra publicada por Seed Savers Exchange “The First Ten Years” 1986.
Tradução Livre


Outros nomes de  Kokopelli:

Kokopele
Kokopelli-mana ou Kokopelmana (na verdade, a esposa de Kokopelli's) (Hohokam)
Kokopeltiyo
Kokopilau
Neopkwai'i (Povo)
Ololowishkya (Zuni)



*Frente a toda essa destruição  que se desencadeia no planeta, o símbolo de Kokopelli representa a esperança de uma Terra novamente fértil e de sementes para germinar.  A cabeça de Kokopelli é coberta de antenas cósmicas que lhe permitem captar o canto das estrelas a fim de dar forças às Sementes de Vida, Sementes de Estrelas, que fecundam a Terra-Mãe.





* Já havia publicado anteriormente um outro post falando do Kokopelli mas como foi um pedido de uma amiga, retomo este tema. ;))

ZX











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