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23.1.10

Lenda Kanhgág




Para os Kanhgág (Kaingang) existe um verbo próprio significando “falar”, outro significando “conversar”, outro para dizer “contar” e, ainda, um outro para dizer “um outro contar"  que está relacionado a um certo tipo de história que chega pela oralidade, revelando as lendas transmitidas de geração em geração (e que as pessoas devem ouvir deitadas). Se, por exemplo, um professor Kanhgág usa esse último verbo, para dizer para as crianças que vai contar uma história, elas lhe dirão, sem pensar duas vezes: “então, temos que deitar”.


Já estão deitados ? 



Origem do fogo


Na criação do Universo, somente o sol fornecia calor, não existia nenhuma outra forma. Os homens sentiam muito frio e os alimentos eram ingeridos crus.
Havia um índio chamado Minarã, muito diferente dos outros, ele conhecia várias coisas que os outros não tinham acesso, entre elas o fogo.  Mas ele guardava o fogo sem compartilhar com ninguém, e encarregava sua filha Iaravi para vigiá-lo.
Tal segredo despertava muita curiosidade no guerreiro Fijetó, que decidiu transformar-se numa gralha branca para desvendar o mistério. O guerreiro observou que a filha de Minarã estava brincando no rio, e caiu na água, deixando a correnteza o levar até bem perto de Iaravi, que o pegou e levou para dentro da cabana para secá-lo ao lado do fogo.
Quando as penas secaram, o guerreiro ainda transformado em gralha roubou um carvão em brasa e fugiu. Minarã foi atrás de Fiietó mas não o encontrou pois ele se escondeu. Quando saiu do esconderijo, Fiietó em forma de gralha, voou até uma árvore e, com a brasa, incendiou um ramo de sapé. Depois, levando o ramo no bico, foi até a aldeia, mas o peso do ramo fez que ele não suportasse e decidiu arrastá-lo pela floresta, provocando um enorme incêndio. A floresta queimou durante dias e dias, e muitos povos foram buscar brasas para terem fogo também, e desde este dia as fogueiras de todos os povos originários ficam sempre acessas para que a luz e o calor nunca se afaste deles.

Kanhgág (Kaingang):

Onde estão: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (Brasil)
Quantos são: 28.000 (Funasa 2006)
Língua: Família Linguística Gê
Fonte: Socioambiental





ZX











Meu compromisso é com a Memória do "Invisível".


Pelo direito a autodeterminação dos povos e apoiando a descolonização do saber.


Ano 5523 de Abya Yala


523 anos de Resistência Indígena Continental.


JALLALLA PACHAMAMA, SUMAQ MAMA!







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Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros."
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