Foto: J. Deturche
Depois de quatro mortes e duas tentativas de suicídios, os Katukina decidem se pronunciar sobre o assunto. Os indígenas alegam fraqueza na consciência como causa das mortes e revelam que somente a realização de trabalhos espirituais pode impedir que outros jovens tirem a própria vida.
À primeira vista, os indígenas Katukina são um povo diferenciado, com tradições enraizadas e longe de problemas do mundo contemporâneo. Mas, ultimamente uma sequência de fatos chocou a comunidade indígena.
Nos últimos três meses, quatro índios cometeram suicídio e outros dois tentaram tirar a própria vida. A onda de suicídio teve início logo após a morte de agente de saúde Rodrigo Pequeno Katukina, ocorrido dia 16 de setembro deste ano, vitima de acidente de trânsito na BR 364. Ele trafegava no acostamento da rodovia quando foi atingido por um carro de passeio que vinha do Município de Tarauacá.
Com base nisso, e sem uma explicação concreta, as lideranças indígenas chocadas com os acontecimentos acionaram a Polícia Federal e apreenderam com o consentimento dos indígenas, todo o armamento dentro da aldeia, como forma de impedir que outras mortes pudessem ocorrer. "Ficamos assustados com tudo que estava acontecendo, e mesmo sabendo da necessidade do nosso povo ter as armas para caçar e conseguiu o alimento para a família, decidimos guardá-las em um lugar seguro todas as armas até que a situação melhorasse para impedir que outros índios cometessem a mesma coisa", declarou o Orlando Katukina.
Mas, segundo os lideres, a situação já está sendo contornado por meio de um trabalho espiritualizado. E apesar de fragilizada, a comunidade encontrou uma explicação e que nunca mais ocorrer fatos semelhantes aos anteriores.
"Agora encontramos uma saída e já sentimos resultados na aldeia. Descobrimos que os jovens estão com a consciência fraca e para isso temos uma pessoa está fazendo um trabalho espiritual e fechando o corpo de cada um. Após isso, nunca mais teremos acontecimentos como este em nosso povo", finalizou Fernando Katukina, líder do povo indígena.
Os Katukina assim como os demais grupos indígenas da região do alto Juruá - foram praticamente cercados quando se iniciou a exploração econômica da região, com a extração da borracha nativa. Nos primeiros anos do contato com os "brancos", os Katukina viveram um período de deslocamentos constantes. E somente durante a década de 1970 datam dois eventos que contribuíram de forma determinante na localização contemporânea das aldeias, em especial a abertura da BR-364, momento em que viram garantidos os direitos à posse do território onde habitavam. Atualmente a etnia é composta por 462 indígenas que buscam a todo custo preservar suas tradições mesmo diante da inevitável e esmagadora transformação que sua cultura vem passando em contato com os não índígenas.
Outro nome:
Tukuna
Onde estão:
Amazonas
Quantos são:
462 (Funasa, 2010)
Família linguística:
Katukina
Fonte: ORB e Socioambiental