A existência dos Kupe-Dyeb (Cupendipe) é até hoje relatada na oralidade pelos Apinayé (de língua do tronco Macro-Gê setentrionais). Segundo eles existiu no Alto Tocantins (entre os estados de Góias e Tocantins no Brasil) um grupo de indígenas que possuíam asas, de hábitos noturnos e que voavam como morcegos. Esses seres alados eram conhecidos como Cupendipe, habitavam um morro e viviam dentro de cavernas. Quando voavam, conduziam os machados da lua, com os quais degolavam as pessoas e os animais. Eles não eram vampiros.
Certa vez , os Apinayé reunindo os guerreiros de dez aldeias foram atacar os Cupendipe. Chegando ao morro, fecharam as entradas da caverna com palhas secas, incendiando tudo em seguida. Segundo eles, nesse ataque morreu um velho Cupendipe, ficando preso um menino que não tendo ainda asas não pode fugir. Com o intuito de capturá-lo os Apinayé entraram na caverna. Depois de longa busca, batendo com longas varas encontraram-no suspenso no teto, como se fosse um morcego. Os Apinayé desejavam criá-lo na sua própria aldeia, então ele foi levado. Mas, não conseguiram o seu intento porque o pequeno Cupendipe chorava muito e recusava todo o tipo de alimentação que não fosse milho e não deitava para dormir. Os Apinayé resolveram simular um local para que o pequeno dormisse de cabeça para baixo e então ele dormia um pouco.
Um dia eles o observaram deitado no chão cantando. “U-ua Klunã Klocire! Klud pecetire!” Então, ele agarrou o pescoço com as mãos. Quando os Apinagés perguntaram-lhe sobre isto, disse que seus companheiros dançavam daquele modo. Os Apinagés ainda cantam a canção do Kupe-dyeb.
Segundo o relato, depois de alguns dias o menino morreu de tristeza e os Apinayé cantam essa canção até os dias atuais.
No ataque à caverna dos Cupendipe, os Apinayés juntaram um grande número de machados de lua e inúmeros adornos corporais. Os machados de lua são de forma semicircular, também denominados machados de âncora (Ihering) que constituem um elemento quase típico do grupo Gê.
Relatado pela primeira vez por Curt Nimuendaju e publicado em seu livro The Apinayé (versão inglesa de Robert H. Lowie, The Catholic University of America Press, Washington, 1939, págs. 179-180).
Esses seres alados também foram descritos em uma antiga carta escrita pelo explorador e naturalista Carl Huni:
"A entrada da caverna é guardada pelos índios morcegos, que são de pele escura e pequeno porte, mas têm grande força física. Seu olfato é mais desenvolvido do que dos melhores cães de caça. Mesmo que eles aprovem e deixem entrar nas cavernas, receio que quem o fizer estará perdido para o mundo presente, porque guardam um segredo muito cuidadosamente e não podem permitir que aqueles que entram possam sair”.
Huni descreveu que os índios morcegos viveriam em cavernas e sairiam apenas à noite para a floresta vizinha, mas sem manter contato com os chamados “moradores de baixo”. Para eles, segundo relatou o explorador, esses moradores habitavam uma cidade subterrânea, na qual formariam uma comunidade auto-suficiente e com uma considerável população.